O papel social da imprensa

Por Maria Clara Carvalho

A imprensa é considerada de suma importância nos dias atuais, pois foi a partir do seu surgimento que deixamos de ser excluídos dos acontecimentos políticos e passamos a exercer, de fato, a cidadania. Mas temos que ter em mente que o papel dela é levar informações com rigor, de forma que seja imparcial, com a absoluta verdade e de forma séria.

É muito importante que a mídia entenda seu papel na sociedade, para que, assim, ela seja mais clara e imparcial possível em assuntos polêmicos, ou seja, ela precisa manter um equilíbrio, para que a população possa criar seu senso crítico e começar a desenvolver a própria opinião com base em seus conhecimentos. Entretanto, esse veículo de informação cada vez mais vem expressando sua opinião, o que pode fazer com que pessoas, que não têm tantos conhecimentos ou vivências, acabem sendo influenciadas.

Além disso, a mídia, hoje em dia, visa mais aos números do que às informações, trazendo as notícias de forma sensacionalista, sem se preocupar com o que será apresentado para o público. Podemos observar essa questão no livro "O mistério da casa verde", onde o locutor de Rádio, Ildefonso, fora fazer uma matéria sobre a qual não havia muitas informações, assim ele acabou criando uma expectativa nas pessoas da cidade, decepcionando o público que estava presente. Além disso, ele ficara frustrado pelo fato de o "mistério" não ser nada demais.

As notícias sensacionalistas têm tido um crescente nos últimos anos, tendo em vista que a mídia prefere números à qualidade de informações, por isso, sempre é melhor pesquisar a veracidade da notícia lida ou assistida.

Sabendo disso, é necessário que as pessoas parem de divulgar notícias sem saber a procedência. Com isso, a população criará um senso crítico e procurará informações verídicas na imprensa. Mas, para que isso aconteça, a mídia precisa focar na qualidade de informações e saber respeitar as opiniões divergentes que vierem. 


O mundo é dos "loucos"

Por Mariana Lima

No mundo em que vivemos hoje, temos vários tipos de remédios e tratamentos para doenças mentais. Atualmente, falamos desse assunto com mais leveza e conhecimento. Graças aos avanços da medicina no tratamento de pessoas com doenças mentais, é possível tratar muitos transtornos de saúde mental quase com tanto êxito quanto os físicos.

É preciso ressaltar que o assunto é muito polêmico e, antigamente, pessoas com transtornos mentais eram taxadas como loucas e tratadas de formas absurdas. O livro "Holocausto brasileiro" da jornalista juiz-forana Daniela Arbex, apresenta como eram tratadas pessoas com distúrbios mentais em meados do ano de 1903, especificamente, na cidade de Barbacena, onde estava localizado o Colônia, considerado o maior hospício do Brasil. Lá, inúmeras atrocidades eram cometidas.

Cerca de 70% dos pacientes internados no local não tinham qualquer tipo de doença mental. Eram meninas que foram violentadas por seus chefes e engravidaram, esposas internadas pelos maridos para que eles pudessem morar com suas amantes, homossexuais, prostitutas, entre outros. O hospital psiquiátrico Colônia foi fundado em 1903, mas tais abusos começaram a acontecer em 1930; pelo menos 50 anos de torturas e abusos absurdos foram cometidos com os pacientes do local.

Os "tratamentos" eram à base da tortura, sendo utilizadas cadeiras elétricas, solitárias, entre outros. Na maioria das vezes, os médicos deixavam os pacientes com fome e sede, a ponto de eles precisarem ingerir a própria urina para sobreviverem. É estimado que mais de 60 mil pessoas morreram nesse manicômio por causa dos métodos de tratamento e as condições em que viviam no local.

Daniela, em entrevista para o site IG, publicada em 12 julho de 2013, explica o título de sua obra. "Dei esse nome primeiro porque foi um extermínio em massa. Depois porque os pacientes também eram enviados em vagões de carga (ao manicômio). Quando eles chegavam, os homens tinham a cabeça raspada, eram despidos e depois uniformizados."

Preciso dizer que a forma como tratavam pessoas com doenças psicológicas era absurda. Esqueciam-se de que essas pessoas também são humanas e ninguém deveria ser tratado dessa forma. Mas, graças aos avanços da medicina, tais abusos não são mais comuns, e os que ainda acontecem, há providencias sendo tomadas. Hoje, por exemplo, temos a Luta Antimanicomial. De acordo com o site da Prefeitura de Gravatá, em Pernambuco, é "um processo organizado de transformação dos serviços psiquiátricos (antipsiquiatria), derivado de uma série de eventos políticos globais, baseado no discurso do médico italiano Franco Basaglia." No Brasil o movimento, é comemorado no dia 18 de maio.

No momento atual, a maioria dos métodos para tratar os transtornos de saúde mental pode ser classificada como somáticos, tratamentos que incluem medicamentos, terapias que estimulam o cérebro, por exemplo, estimulação magnética transcraniana, entre outros. EPsicoterapêuticos, que incluem psicoterapia, técnicas de terapia comportamental, por exemplo, métodos de relaxamento ou terapia de exposição e hipnoterapia. Na utilização desses e de outros métodos atuais cientificamente comprovados, não ocorre nenhum tipo de abuso com o paciente, eles são tratados de forma respeitosa e com todos os seus direitos.

A falta de respeito é a prova de uma sociedade primitiva

Por Rubem Rezende

O respeito e a tolerância devem andar juntos no comportamento humano. Entretanto, sabemos que não é assim na prática, pois somos rodeados de notícias e experiências sobre pessoas que excedem o aceito quando se expressam. A liberdade não é ilimitada e, a meu ver, isso, de certo modo, é bom, pois evita ofensas, intrigas e a opressão em alguns casos. Porém, é necessário que essa liberdade também não seja restrita demais, porque acaba gerando a mesma opressão e, geralmente, pior. A meu ver, podemos pensar o que quisermos, mas o importante é como vamos agir sobre esses pensamentos e sentimentos.

Para mim, essa é a maneira correta de se agir, pois isso cria um filtro na mente, e esse sentimento é repensado várias vezes, o que pode desenvolver uma consciência mais madura e realista do que você acha sobre os seus próprios pensamentos. Quando sentimos raiva ou ódio de algo e não expressamos isso de imediato, acontece de analisarmos o quão obscuro e fatigante é ter isso dentro de nós e acabamos mudando de postura e nos agradecendo por não termos exposto aquilo que, uma vez feito, poderia colocar alguém em depressão, por exemplo.

Assim como o respeito e a tolerância, sobre a discriminação é também importante refletirmos. Esta também pode ser vista presente nas sociedades. Um dos exemplos mais expressivos, mas não muito discutido, é a exclusão de portadores de transtornos mentais. Desde crianças, observamos os outros à nossa volta e acabamos captando um comportamento de exclusão em relação a doentes mentais, levando ao afastamento dessas pessoas. De acordo com pesquisas feitas em João Pessoa-PB com especialistas e pessoas que presenciam o modo pelo qual a sociedade se relaciona com os doentes mentais, tomamos conhecimento de que estes são vistos como seres sem razão ou juízo e que necessitam de proteção constante. Além disso, os estudos mostram que ainda há o predomínio do tratamento pejorativo e preconceituoso para com os doentes. E muitos não sabem definir transtornos mentais, segundo pesquisas feitas em uma instituição pública de ensino superior do Piauí, em 2009.

As mesmas situações e comportamentos são observados no livro "O mistério da casa verde", de Moacyr Scliar. Nele, podemos notar o medo diante da velha casa onde os "loucos" eram "tratados"; os moradores pensavam existir almas loucas vagando dentro do recinto, o que, mesmo que exageradamente, representa um pouco da visão que temos sobre as doenças mentais. Há quem pense que são pessoas perigosas e que transmitem loucura e, por isso, se afastam delas.

Pessoas que têm essas doenças devem, sim, receber um tratamento especial na maioria das vezes. E o nosso dever, como sociedade inclusiva, é fazer a vida delas o mais confortável e acessível possível. O que não pode acontecer é esse tratamento especial ganhar um sentido de exclusão. É de suma importância que paremos de agir com preconceito e procuremos informação de como tudo isso funciona. O mais importante é conversarmos com os portadores das doenças e fazê-los sentirem-se acolhidos, mostrando que são uma companhia desejada para que, assim, não seja um suplício o simples fato de viver. 

Juiz de Fora. 2020. Revista Insanos. Uma produção dos nonos anos do Colégio Metodista Granbery.
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