"De perto, ninguém é normal"

Por Alyson de Andrade

João era uma pessoa bem louca, talvez demais da conta. Todos o julgavam por não ser normal. Bom, a loucura é legal, em alguns momentos...

Ele era bem isolado, não tinha amigos. E a sua família? O jovem não tem notícias. Seus irmãos nunca o viram, seus pais o entregaram para adoção. Ele sempre tentou levar a sua história na alegria, mas é impossível, era isso o que ele achava.

Um dia ele conheceu uma pessoa legal, a Ivanna. Ela era louca como ele, mas a história dela é totalmente diferente da dele. Quando eles se encontram, eram melhores amigos, chegaram a gravar Tik Tok juntos.

- João, tá falando com quem? - disse uma voz misteriosa

- Ninguém! - respondeu.

Ele não reconhecia a voz, ela era de alguém que nunca ouviu. Pelo menos, não lembrava.

João não fora abandonado, e, sim, estava no manicômio. A Ivanna era tudo de sua cabeça, a sua mente criou tudo isso, pois estava carente.

O médico vira quando ele estava falando sozinho e pensou que seria legal ter um "amigo", e ele pensou que seria bem louco, mas... não, o que pensariam dele? O médico que cuida de loucos ficou louco?

Ele foi falar com João:

- Como você consegue ser louco a ponto de fazer um universo só seu?

- Olha, doutor, desperte a loucura dentro de você.

- Como assim?

- Pense que todos nós temos uma loucura. De perto, ninguém é normal, veja o mundo de outros olhos.

João adormece e não acorda mais.


O mundo é um hospício

Por Nathan Paschoal

Estava lá Roger, de novo, na mesma situação diária: tomar café da manhã, ir para o trabalho e passar um tempo com a família. Todos pareciam meio estranhos e diferentes: seu filho comia normalmente, sua esposa falava sem nenhuma alteração. Estava tudo tão fora da rotina...

- Pai, posso comer aquele outro biscoito na prateleira? - falou o garoto, sem soltar um grito e também sem tremer a mão.

- Pode... - falou Roger, sem entender muito.

Então foi lá, ligou para um psiquiatra e descreveu o ocorrido.

Indo para o trabalho, na rua, muitas pessoas pareciam tão normais, com exceção de algumas que tinham tiques e se tremiam toda (mas achava que era por causa do frio). Será que todos mudaram do nada? Era a pergunta que fazia o tempo inteiro. Chegando no trabalho, a mesma coisa: todos arrumadinhos e agindo normalmente. Estava perplexo. E isso continuou ocorrendo dia após dia.

Algumas semanas depois, quando chegou em casa depois do trabalho, sua esposa disse que iria levá-lo a um hospício. O lugar estava lotado. Tinha tanta gente que parecia que os loucos começaram a colocar os normais no manicômio. Além de tudo isso, todas as pessoas lá pareciam normais, e os doidos estavam lá fora. Foi aí que ele percebeu que, na verdade, o mundo era um hospício.


"De médico e louco todo mundo tem um pouco"

Por Ana Clara Figueira

Louco?! Qual a definição de loucura? Que tipo de pessoa é considerada louca? São perguntas que não sei se podem ser respondidas com total certeza, mas, de uma coisa eu sei, "de médico e louco todo mundo tem um pouco", como diz o ditado.

A loucura é algo, penso eu, que é sem explicação, porque todas as pessoas têm seus problemas, cada uma tem sua forma de lidar com eles. Umas são mais extravagantes, mas não quer dizer que sejam loucas. Por isso, tudo depende do ponto de vista.

De acordo com psicólogos, a pessoa que é considerada louca é aquela que, segundo a sociedade, tem pensamentos considerados anormais ou aquela que realiza coisas sem sentido. Mas, como disse, é preciso considerar o ponto de vista, porque cada um entende a loucura de uma forma, cada um tem seu próprio conceito de loucura, como no livro "O Mistério da Casa Verde". Jorge, bisneto do doutor Simão Bacamarte, o alienista, tão falado entre o grupo de meninos, se sentia normal e bem em estar "escondido" dentro da tão temida e assombrada Casa Verde, pois, para ele, loucas eram as pessoas do lado de fora, pessoas da cidade. Então preferiu se esconder na Casa Verde, como o bisavô.

Assim, é possível refletir que ser normal ou louco é algo relativo. Posso ser normal em algo que faço ou penso, na minha percepção, mas, para outra pessoa, posso ser esquisita, anormal ou louca, por fazer ou pensar de determinada forma. A melhor maneira de pensar é que somos diferentes e, mesmo que, para alguns, pareçamos loucos, é melhor acreditar que há diferentes formas de pensar, de agir, de reagir, pois o chato seria se ninguém soubesse como é a sensação de ser diferente.

Hoje trago esses pensamentos, que nos fazem refletir sobre cada um de nós, e assim é possível chegar à conclusão de que, realmente, de louco todo mundo tem um pouco. Pensar tanto nessas várias formas de enxergar as pessoas nos faz até parecer loucos, mas o que fazer quando há tantas possibilidades... 


Juiz de Fora. 2020. Revista Insanos. Uma produção dos nonos anos do Colégio Metodista Granbery.
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