Moacyr Scliar

Por Maria Clara da Silva Batista

Nascido em 23 de março de 1937, em Porto Alegre (RS), Moacyr Jaime Scliar, filho de José e Sarah Scliar, judeus que vieram da região da Bessarábia, então pertencente ao Império russo, teve sua carreira iniciada com êxito. Foi alfabetizado pela mãe, que era professora em uma escola primária. A partir de 1943, cursou a Escola de Educação e Cultura, conhecida como Colégio Líndiche. Em 1948, transferiu-se para o colégio Rosário. Anos mais tarde, iniciou a faculdade de medicina, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo se especializado na área de saúde pública.

Nos anos 70, cursou pós-graduação em medicina, em Israel, e também fez doutorado em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Ainda na área médica, colaborou como professor do curso de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde, de Porto Alegre. O dia a dia do estudante de medicina inspirou Moacyr a escrever o seu primeiro livro, "Histórias de um médico em formação", publicada em 1962.

A partir daí, ele construiu uma brilhante carreira de ficcionista, produzindo inúmeros livros, entre contos, romances, infantojuvenis e ensaios. Por causa de suas obras, ganhou prêmios muito celebrados, como, por exemplo, três Jabuti nas categorias ''romance" e "contos, crônicas e novelas". Seus livros também foram traduzidos para diversos países, como Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Espanha, entre outros.

Destacamos, entre seus trabalhos, o livro "O mistério da Casa Verde", uma releitura do clássico "O alienista", de Machado de Assis. A releitura de Moacyr Scliar foi editada em 2003 pela Editora Ática e pertence à coleção Descobrindo os Clássicos. Esta obra retrata uma história que se passa em Itaguaí, uma pequena cidade histórica como qualquer outra, onde acontecem as clássicas disputas de futebol e as famosas fofocas no "Vespeiro", ponto de encontro da cidade. Mas havia um mistério: um antigo casarão que colocava medo na população, a chamada Casa Verde. O local fora um hospício no século XIX, retratado na obra de Machado de Assis "O alienista". Esta era assim chamada devido à cor de suas janelas e era considerado um local mal-assombrado, mas ninguém sabia ao certo o motivo.

Mesmo assim, havia pessoas mais destemidas que acreditavam que as lendas não passavam de superstição. Era o caso de Arthurzinho, líder de um grupo de jovens que precisava de um local onde pudessem fazer o barulho que quisessem sem serem incomodados. Para ele, a Casa Verde parecia ser o lugar perfeito: poderiam dançar, bater papo e terem o próprio clube, sem reclamações da vizinhança. Com essa brilhante ideia, convocou os seus amigos para uma reunião na pizzaria do Marcolino. Inicialmente, os amigos ficaram meio assustados com a ideia, mas, com um bom discurso, Arthurzinho consegue convencer Pedro Bola e Leo. O único que não concordou foi André, que disputava a atenção com Arthurzinho. Então, os amigos fizeram uma votação, com três "sim" e um "não", assim resolvendo o problema: iriam entrar na Casa Verde.

Depois de uma vida toda dedicada à literatura, em 27 de fevereiro de 2011, o caminho do nosso amado autor teve o seu epílogo. Moacyr faleceu aos 73 anos com falência múltipla dos órgãos, mas ele se foi deixando sua marca, trajetória, hobbies e histórias através de obras esplêndidas.

Juiz de Fora. 2020. Revista Insanos. Uma produção dos nonos anos do Colégio Metodista Granbery.
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