Moacyr Scliar: 'Escrever é uma sequela do ato de ler'

01/10/2020

Por Raquel Valente

Médico e escritor renomado, Moacyr Scliar nasceu no dia 23 de Março de 1937, em Porto Alegre. Ficou conhecido no país por suas crônicas nos principais jornais brasileiros. Suas obras são voltadas ao público adulto e infantouvenil, entre romances, contos e crônicas. É autor de 74 livros. "O mistério da casa verde", "O centauro no jardim" e "Max e os felinos" são alguns de seus títulos.

Nessa entrevista ao nosso blog, Scliar fala sobre o "O mistério da casa verde", suas opiniões sobre assuntos sociais e etc. 

Raquel Viana - Vimos no livro "O mistério da casa verde" que Arturzinho e seus amigos recorrem ao conto "O Alienista" de Machado, para solucionarem o mistério. Para o senhor, quem foi Machado de Assis?

MoacyrScliar - Machado não pôde frequentar o colégio, perdeu a mãe muito cedo e era um menino doente. Tinha uma vida muito difícil, e sua história de superação nos mostra o quanto as dificuldades da vida não significam nada. Então, em "O mistério da casa verde", decidi fazer uma homenagem ao conto "O Alienista", pois Assis me inspira a sempre superar os nossos problemas. Independentemente do que for, sempre podemos superar.

- Qual personagem do livro "O mistério da casa verde" o senhor se identifica mais?

- Acho que me identifico mais com o Léo, por ele sempre ter um livro debaixo do braço e ser inteligente, sem ser modesto, claro.

- Além de livros para adultos, o senhor tem vários contos voltados para o público infantojuvenil. Qual a importância de bons livros infantojuvenis para formar adultos leitores?

- Os livros podem influenciar os jovens de várias maneiras, podem mudar a vida deles completamente. Os livros podem ampliar o seu vocabulário e emocional. O jovem que lê pensa mais e pensa melhor. E isso pode influenciar em toda a sua vida.

Raquel Viana - Quando o senhor começou a escrever?

- Sempre gostei de escrever, desde a minha infância. Eu cresci ouvindo histórias, e isso foi o ponto de partida para a minha literatura. Além disso, eu tive influência da minha mãe, que era professora, e ela se entusiasmou quando comecei a escrever. Ainda criança, eu já escrevia as minhas histórias e mostrava a todos os parentes. Todos diziam que eu ia ser "o escritorzinho do Bonfim", e isso me deixava muito satisfeito.

- Essa nova geração de autores estreantes trata a linguagem de maneira mais informal. O senhor acha isso correto?

- Sim, pois a informalidade passou a ser regra, o que não é ruim na minha opinião. O pior é o formalismo excessivo.

- Algum livro do senhor já foi adaptado para o cinema? Se sim, como se sente com isso?

- Já sim, foi o romance "Um sonho no caroço do abacate", sob direção de Luca Amberg, e o título é "Caminho dos Sonhos". Nele, tem vários atores americanos, entre eles, Elliott Gould, da série "Friends". Bom, eu fico muito feliz e com orgulho do meu potencial para escrever, pois eu consigo ver que meu trabalho duro valeu a pena e que consegui fazer parte, tanto da literatura como do cinema.

Juiz de Fora. 2020. Revista Insanos. Uma produção dos nonos anos do Colégio Metodista Granbery.
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